" Por necessidade ou por opção sempre ficamos na dúvida se devemos matricular ou não nossos filhos em uma Escola de Educação Infantil, com objetivo de ajudar aos pais à refletir sobre este assunto, selecionamos o texto abaixo, que descreve de forma clara os benefícios que a Educação Infantil proporcionam as crianças e aos seus pares".
Equipe da E.E.I. Maria das Dores
A Importância da Educação Infantil
As matrículas na Educação Infantil não ocorrem por impulso...
A hipótese da matrícula surge em momentos diferentes para cada família. Bem mais cedo para aquelas que procuram na escola a opção segura para substituir os cuidados da mãe ao fim da licença-maternidade. E, um pouco mais tarde, para as famílias que começam a perceber na sua criança a necessidade de interagir com outras. Há, ainda, as que percebem a inteligência de seus pequenos como um campo fértil a ser cultivado.
A socialização é uma das necessidades mais facilmente identificadas pelos pais. Enquanto as famílias de antigamente eram constituídas de alguns idosos, poucos adultos e muitas crianças, as de hoje são menores e, proporcionalmente, têm muito mais adultos do que crianças. A melhora da qualidade de vida e maior acesso aos serviços de saúde permitem às pessoas viverem mais tempo; o planejamento familiar reduz o número de filhos. Para manter um bom acesso aos bens de consumo para cada um dos seus membros, as famílias tentam ser cada vez menores, de modo a manter em bom nível sua receita per capita.
Se, por um lado, diminuíram as crianças na família, e o acesso delas às outras, sobraram os entretenimentos entre paredes de casa. Televisores, games e internet tornaram mais simples a tarefa de manter os filhos entre quatro paredes sem causar grandes transtornos à rotina. Aí entra a importância da Educação Infantil na formação pessoal da criança.
É na escola que a criança vai conviver com outras da sua idade. É lá que ela vai disputar a atenção da professora com seus coleguinhas, ao contrário de sua casa, onde todos os adultos disputam sua atenção. É na escola que alguém ao mesmo tempo, vai querer o mesmo brinquedo que ela e não estará disposto a abrir mão facilmente dele. Se, por um lado, conviver com outras crianças vai trazer uma série de dificuldades que ela desconhecia, por outro, vai levá-la a, desde cedo, formular hipóteses e desenvolver formas de contornar cada uma delas.
A eficiência de qualquer adulto, seja ele um pesquisador, estudante ou profissional, está relacionada à sua capacidade de trabalhar em equipe, por mais difícil que, às vezes, isso seja. As funções hoje são muito complexas para serem desempenhadas por pessoas sozinhas e, quanto mais cedo elas aprenderem a lidar com o outro, mais chances terão de se saírem bem em sua relação com o próximo.
Portanto, matricular a criança na Educação Infantil é dar a ela a possibilidade de relacionar-se com seus pares. É neste estágio que ela vai estabelecer essas primeiras relações num ambiente seguro, monitorado por um profissional habilitado para permear as relações de conflito que irão surgir e demonstrar, de maneira didática, as regras de relacionamento entre as pessoas em nossa sociedade.
A Educação Infantil é a primeira porta de acesso da criança à sociedade onde ela está inserida. A família é o seu primeiro grupo social. Mas é na Educação Infantil que a criança tem a primeira oportunidade de construir, de forma mais ampla, suas hipóteses e aprendizagens sobre o mundo.
Fonte: Revista: LD Linha Direta: edição 153/ Dezembro 2010.
Raquel Momm, Professora, diretora de ensino de Educação Infantil do Sinepe/PR, Psicóloga e Diretora do Centro Educacional Evangélico.
www.sinepepr.org.br
Devido a estes pensamentos que perpassa os corações de mães e pais, a equipe da E.E.I. Maria das Dores selecionou o texto abaixo, com o objetivo de auxiliar nesta reflexão.
Precisamos educar nossos filhos para a vida, fazendo-os compreender que viver não é um parque de diversão que foi programado para eles se divertirem. A dinâmica da vida exige preparo e maturidade. Pessoas maduras sabem conviver com perdas, com os limites da vida. Por isso, é essencial prepararmos nossos filhos para lidar com essas perdas, ensinando-os a ouvir não. É preciso ensinar nossos filhos a entender e aceitar suas frustrações. O não significa limite, um desejo não correspondido, e isso gera dor. A maior crise, no mundo atual, de crianças, adolescentes e jovens é não saber lidar com o limite e ter baixa resistência à frustrações.
Frustração significa dor de um desejo não realizado, frente a algum tipo de limite imposto pelo imperativo categórico do existir. Como então suportar essa dor? Retomo a afirmação de que somente pessoas maduras conseguem enfrentar a dor do existir, pois esta exige sempre reação, superação, criatividade para saber lidar com os desencontros da vida. A vida inventa, e precisamos nos inventar na vida. É preciso chorar, chorar e esperar essa dor se dissolver no tempo.
Por isso, há necessidade de educar nossos filhos para a dor. Não devemos enganá-los, mantendo suas posições de super-heróis, inabaláveis, que podem tudo. Pessoas maduras sabem identificar que na vida real isso não é possível. O ser humano possui desejo, vontade, sonhos e limites. Essa tensão existe em nós e fora de nós. A vida é breve, perdemos quem nós amamos, às vezes quem eu amo não me ama. Existe o sistema moral que norteia nossos desejos, como há também o sistema capitalista que apresenta a realidade excludente, à qual você só tem acesso se tem dinheiro.Isso é a dor do existir.
A dor é inerente à vida. como disse Carlos Drummond de Andrade, " A dor é inevitável. O sofrimento é opcional..." A vida é feita de encontros e desencontros. E, diante de uma perda, precisamos dar sentido à dor por meio da elaboração do luto. Eu luto comigo mesmo - elaborar o luto é dar sentido ao que não tem sentido. A vida é uma viagem, precisamos viver intensamente ao lado dos nossos. Porque viver a vida é passar um tempo com alguém, e tempo tem começo, meio e fim. Estamos inseridos nesse tempo, e o desembarque faz parte dessa viagem. É preciso educar nossos filhos para a vida e para a dor do existir.
O ser humano tem medo da perda, da rejeição, da não aceitação do outro, do mundo em que vive. A nossa sociedade moralista e capitalista impõe condições. Para sermos aceitos e desejados, criamos um eu ideal. Esse eu ideal corresponde às exigências, às expectativas e demandas que colocaram sobre o sujeito, porém esse ser humano é feito por um eu real, que sente, possui limites e contradições e que, muitas vezes, não consegue corresponder a esse eu ideal. E quando o eu real não corresponde ao eu ideal, vem a culpa.
Isso é dor. Mas na sociedade contemporânea não há espaço para a dor. Existe um imperativo categórico de que tudo é prazer, satisfação, imediatismo, sem espera e sacrifício. É preciso criar subjetividade, dar sentido à dor, elaborar essa dor do existir, dar nome a esse vazio, lidar com seus limites, conhecer-se, criando recursos humanos e afetivos para superá-los e ressignificá-los.
Precisamos oferecer riqueza humana aos nossos filhos para que adquiram subjetividade, amor, limite, capacidade de beijar, abraçar, possibilidades para serem eles mesmos. Dar condições para eles crescerem, permitindo que resolvam seus próprios conflitos. Filhos saudável chora, brinca, ri, ganha, perde, vence, sonha, frustra-se... é assim que a vida acontece. Ao aprender a lidar com os desencontros da vida, ganha-se subjetividade, constrói-se história. Só é possível formar um sujeito saudável e feliz quando damos sentido a tudo isso.
Everaldo Ferreira
* Psicanalista e Consultor Educacional da A Vida é Mais
www.avidaemais.com.br
Fonte: Linha Direta - edição 175.
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